A partir de maio de 2026, entra em vigor no Brasil uma das mudanças mais significativas das últimas décadas na área de Segurança e Saúde do Trabalho (SST): a inclusão obrigatória dos riscos psicossociais NR-1 no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO).
Essa alteração representa mais do que uma adequação técnica: trata-se de uma virada de chave no modo como empresas lidam com a saúde mental no trabalho. E, para os gestores, líderes e profissionais de segurança, o momento de agir é agora.
Neste artigo, vamos detalhar o que muda, como se preparar e quais são as tendências em SST para 2026 e além, com uma abordagem prática, estratégica e atualizada, especialmente relevante para setores com alta demanda operacional, como o de logística e alimentos.
O que são os riscos psicossociais?
Riscos psicossociais são fatores presentes no ambiente ou na organização do trabalho que podem causar estresse ocupacional, esgotamento profissional (burnout), adoecimentos mentais e até afastamentos prolongados.
Eles incluem:
- Metas inalcançáveis ou excessivas
- Pressão constante por resultados
- Jornadas longas e sem pausas
- Falta de apoio da liderança
- Assédio moral ou sexual
- Isolamento social ou exclusão
- Sobrecarga de tarefas
- Hiperconectividade e invasão da vida pessoal
Com a atualização da NR-1, esses elementos passam a ter tratamento legal obrigatório e devem ser identificados, avaliados e gerenciados como qualquer outro risco ocupacional físico, químico ou ergonômico.
O que muda com a NR-1 em 2026?
A Portaria MTE nº 1.419/2024, atualizada pela Portaria MTE nº 765/2025, estabeleceu a obrigatoriedade da gestão dos riscos psicossociais no escopo do GRO NR-1 a partir de maio de 2026. Até lá, a fiscalização será educativa, mas, após esse prazo, empresas que não se adequarem poderão sofrer autuações.
As principais exigências incluem:
- Mapeamento e diagnóstico dos riscos psicossociais no ambiente de trabalho
- Elaboração de planos de ação e medidas preventivas
- Integração desses riscos no PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos)
- Treinamentos e capacitações voltadas à saúde mental
- Utilização de canais de denúncia e escuta ativa
Essa exigência se soma à Lei 14.457/2022, que já determina a existência de canais de denúncia anônimos para empresas com mais de 20 funcionários, ferramenta que se torna essencial na gestão desses riscos.
Por que isso importa: dados alarmantes sobre saúde mental
Segundo o Ministério da Previdência Social, os afastamentos por transtornos mentais dobraram entre 2022 e 2024, passando de 201 mil para 472 mil registros. O burnout cresceu 1.000% em 10 anos e já é uma das principais causas de incapacitação temporária no Brasil.
Estudos da FIEMG estimam que os transtornos mentais causam perdas anuais de R$ 397 bilhões às empresas, o equivalente a 4,7% do PIB nacional.
Para empresas com alta rotatividade, pressão por metas, logística intensa e operação 24/7, como as da cadeia de alimentos e bebidas, não agir sobre esse cenário é assumir um risco operacional e jurídico grave.

As 7 grandes tendências da Segurança do Trabalho para 2026 e além
Além da obrigatoriedade dos riscos psicossociais na NR-1, 2026 será marcado por um conjunto de tendências que vão transformar a forma como as empresas encaram a SST.
1. Segurança como estratégia de gestão
Deixa de ser obrigação legal e passa a ser ferramenta de performance e prevenção. Empresas maduras tratarão o GRO e os laudos como instrumentos de tomada de decisão.
2. Fiscalização digital e integrada por IA
Com dados sendo cruzados entre CNPJ, CNAE, eSocial e GRO, a fiscalização será mais digital, rápida e precisa. Laudos em papel e pastas físicas darão lugar a documentação digital com blockchain e validações automatizadas.
3. Treinamentos imersivos
As tradicionais palestras de segurança darão lugar a experiências com realidade aumentada (RA), realidade virtual (VR) e simulações interativas. Os colaboradores vão “vivenciar o risco” em ambientes seguros, com muito mais retenção e engajamento.
4. SIPAT transformada em evento de cultura
A SIPAT 4.0 se tornará uma experiência com arte, emoção e tecnologia. O foco será em conscientização, saúde mental e cultura de segurança, saindo do modelo mecânico de palestras obrigatórias.
5. Dados e predição de riscos
Plataformas integradas a sensores e sistemas de RH vão gerar dashboards inteligentes que antecipam riscos antes que acidentes ocorram. A análise preditiva será rotina nas grandes operações.
6. Integração com compliance e LGPD
Canais de denúncia, escuta ativa, confidencialidade e proteção de dados serão parte essencial do sistema de gestão de segurança, unindo compliance e SST como áreas complementares.
7. Saúde mental no centro da cultura corporativa
O ciclo 2026–2028 da campanha "Locais de Trabalho Saudáveis", promovido internacionalmente, reforça que a saúde mental no trabalho não é mais tabu — é prioridade estratégica.
Como sua empresa pode se preparar agora
A boa notícia é que ainda há tempo para agir de forma estruturada e preventiva. Veja os principais passos para se adequar à NR-1 e aos riscos psicossociais até maio de 2026:
1. Faça um diagnóstico de clima e saúde mental
Use questionários anônimos, entrevistas individuais e rodas de conversa. O objetivo é medir a pressão antes que ela exploda.
2. Integre os riscos psicossociais ao GRO e PGR
Inclua esses fatores nas análises de risco e nos planos de ação. Lembre-se: o fiscal do futuro saberá exatamente o que está errado antes mesmo de visitar sua empresa.
3. Estruture canais de escuta e denúncia
Ferramentas anônimas e seguras são essenciais para detectar problemas ocultos, como assédio moral ou abuso de poder. Elas também cumprem exigências legais.
4. Engaje a liderança e o RH no processo
Os riscos psicossociais não são apenas da área de segurança. Líderes tóxicos, metas abusivas e falta de apoio emocional nascem da cultura organizacional.
5. Invista em tecnologia e inovação
A adoção de plataformas digitais, sensores e treinamentos imersivos não é tendência, é necessidade para empresas que desejam operar com excelência e segurança.
2026 será o divisor de águas na SST brasileira
A atualização da NR-1 com foco nos riscos psicossociais marca o início de uma nova era na segurança do trabalho no Brasil. Empresas que continuarem tratando a saúde mental como um “assunto delicado” ou deixarem para se adequar na última hora correrão riscos jurídicos, financeiros e humanos inaceitáveis.
Já as empresas que entenderem a importância estratégica da SST, modernizarem seus processos e colocarem a saúde mental no centro da gestão estarão prontas para liderar no novo cenário.
Na Visão e Ação, acreditamos que segurança e saúde não são apenas obrigações legais, são valores inegociáveis para empresas que querem crescer com responsabilidade, eficiência e humanidade.
Como a Visão e Ação pode apoiar sua empresa nessa transformação
Na Visão e Ação, acreditamos que segurança no trabalho não é apenas prevenção de acidentes, é desenvolvimento humano, cultura organizacional e visão de futuro.
Há mais de 20 anos, atuamos ao lado de empresas que desejam ir além do cumprimento de normas e transformar a segurança em uma estratégia de gestão de pessoas, produtividade e reputação.
Com uma abordagem inovadora, oferecemos:
- Diagnósticos personalizados de riscos psicossociais e clima organizacional
- Treinamentos imersivos com foco em saúde mental, liderança segura e cultura de segurança
- Acompanhamento técnico para adequação ao GRO da NR-1 e demais normas
- Experiências SIPAT transformadoras, com arte, tecnologia e conexão emocional
- Workshops e palestras para engajamento de lideranças e equipes operacionais
- Mentorias especializadas para áreas de RH, CIPA e Segurança do Trabalho
Nos inspiramos na frase de Joel Arthur Barker:
“Uma visão sem ação não passa de um sonho. Ação sem visão é só passatempo. Visão com ação pode mudar o mundo.”




